Vinicius Neder
Parece óbvio, mas nem sempre as empresas percebem que a satisfação dos funcionários influencia diretamente nos resultados da companhia. Pesquisa de opinião feita pela consultoria Financial Center ouviu 694 profissionais de diversos departamentos e concluiu que políticas para melhorar o clima organizacional - satisfação e entrosamento dos funcionários - são essenciais para o sucesso da empresa.
Do total de respondentes, 88,2% concordam totalmente ou em grande parte que a satisfação impacta diretamente a produtividade da companhia. Manter um bom ambiente de trabalho, portanto, deve fazer parte do planejamento estratégico das companhias. A cesta de benefícios, no entanto, não garante a satisfação dos funcionários. Segundo Susan Sabir, diretora da FinancialCenter, é preciso envolver os empregados.
As empresas brasileiras têm muito o que aprofundar em termos de clima organizacional. Falta coragem para envolver os funcionários no planejamento voltado para o aumento da satisfação e, consequentemente, dos resultados - explica Susan.
Frederico Boabaid, gerente corporativo de Gente e Gestão da AmBev, concorda que haja relação direta entre satisfação dos funcionários e bons resultados. "A alma é o segredo do negócio", sentencia o executivo. Segundo ele, pesquisas mostram que, quando os empregados gostam e têm orgulho do que fazem (e da empresa), as pessoas trabalham mais felizes e produzem mais.
- Quando se desenvolve o sentimento de camaradagem entre colegas de trabalho, as pessoas trabalham mais felizes e tornam-se mais produtivas - explica Boabaid. Na AmBev, são realizadas pesquisas para verificar tanto o clima organizacional quanto a identificação dos empregados com a cultura da empresa.
Segundo Boabaid, os resultados das pesquisas servem para alinhar os anseios dos funcionários. Para manter o ambiente de trabalho com um clima bom, a AmBev estimula o desenvolvimento de lideranças. "O responsável pela qualidade do clima organizacional em determinada área sempre é seu líder. Eles devem ser |
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conscientes da importância de manter as pessoas permanentemente informadas, comprometidas e motivadas", completa.
Rômulo Veras, superintendente de Recursos Humanos (RH) da Subsea 7, empresa do setor petrolífero, concorda que o investimento nas lideranças é fundamental. "Mas não basta o envolvimento de gerentes e supervisores. O CEO precisa se comprometer com a qualidade do clima organizacional", opina Veras. A satisfação dos empregados, portanto, deve fazer parte do planejamento estratégico das empresas.
- O clima organizacional serve como termômetro para avaliar a capacidade de a empresa atingir as metas - sentencia o executivo. Na Subsea 7, além das pesquisas de opinião são organizados grupos de focos com o empregados, para envolvê-los nos processos de melhoria. "Assim, os empregados também se comprometem com os resultados", completa Veras.
Na Avon, que tem 4,3 mil funcionários, reclamações e sugestões para melhoria de relacionamento e processos de gestão também são discutidas em encontros, |
com periodicidade semestral ou anual. Uma vez por ano, cada unidade tem um encontro com o presidente da companhia. Com freqüência semestral, ocorrem os encontros por área. Nestes, vice-presidente e diretores ouvem, sem intermediários, a base da pirâmide.
As sugestões são ouvidas. Depois, com a participação das lideranças de equipes, montamos planos de ação - explica Carla Marques, gerente de desenvolvimento organizacional da Avon.
A professora de gestão de pessoas Maria Zélia de Almeida Souza, do Ibmec/RJ, concorda que a gestão participativa se reflete em melhores resultados para as companhias. "Há aumento de competitividade", explica Maria Zélia.
A descentralização do poder na empresa contribui para melhorar o ambiente de trabalho. "A gestão participativa implica em envolver os empregados nos processos decisórios. Uma vez envolvidos nas decisões, eles se comprometem mais intensamente com os resultados", afirma a professora. |
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